Costumo dizer que Barcelona é uma cidade cosmopolita e democrática. Justamente por receber muitos turistas durante o ano inteiro, a cidade se renova e recicla no sentido literal da palavra. São pessoas chegando e saindo e, por isso, é possível encontrar de tudo na rua: pessoas de todas as cores, tamanhos, estilos, crenças. É verdade que, no início, essa variedade assusta um pouco e o tempo parece um tanto descartável. Mas logo depois a proposta do lugar é compreendida e aprende-se a conviver e respeitar a duração das coisas.
Moro aqui há pouco mais de dois anos e observei de tudo um pouco. Chama a atenção, por exemplo, o sistema de organização pública. Os direitos básicos do cidadão são respeitados e eficientes. Aqui temos transporte publico de qualidade, o que reduz o número de carros nas ruas (e, consequentemente, a emissão de gases estufa), saúde e educação. Não custa lembrar, porém, que nos cobram os deveres. Nada mais justo. A multa é aplicada de fato e a grande característica do brasileiro, o famoso “jeitinho”, deve ceder lugar ao cumprimento das leis. Como tudo na vida, isso tem o seu lado bom e o ruim.
Percebi que, na Europa, o meio ambiente é mais bem respeitado em comparação ao Brasil, mesmo com seu historico de devastação das florestas. Barcelona levou muito tempo fomentando a reciclagem. De acordo com dados da prefeitura, em vinte anos a cidade aumentou acima de 40% suas ações para manter limpa a cidade. Criou-se, assim, o BCNeta. Neta, em catalão, significa limpa. São distribuídos gratuitamente sacos plásticos especiais auto-identificáveis para que as pessoas criem o hábito de reciclar, separando o lixo organico do inogârnico. São três cores: verde, amarelo e azul, para vidro, plastico e papel, respectivamente.
Além disso, diversos containers foram espalhados por Barcelona utilizando o mesmo sistema de cores. Ações como esta me parecem incentivadoras. Reciclar é uma questão de consciência e hábito. Convido todos a construírem suas próprias bolsas de lixo para desfrutar do cuidado com a natureza. Até a próxima!
Nota da redação: Paloma Danemberg é carioca, produtora de tv e tem 24 anos. Adora a cidade em que nasceu, mas aprendeu a distribuir seu afeto. Há dois anos foi morar em Barcelona, onde cursou produção e realização de cinema e televisão no Instituto Europeu de Desenho (IDEP) e trabalha como produtora na Cromosoma. Não sabe quando (e se) voltará a viver no país onde em que estão seus primeiros amigos e familiares, mas tem certeza que a saudade será eterna. Pela internet ou após doze horas em um avião, porém, ela se alivia e ganha fôlego para recomeçar.
Esse texto foi publicado no site http://www.oikosja.com, Criado por três amigos formados na PUC-Rio, um deles amigo meu, Felipe Lobo, editor chefe. O site começa suas atividades com muita disposição e apoio de colaboradores especiais, responsáveis por textos e imagens repletos de informações sobre o meio ambiente.
Vale muito a pena conferir!
Bacanérrimo Paloma
ResponderEliminarManda ver filha!
Bjs do seu pai
nossa, quanta novidade num texto só.
ResponderEliminarainda bem que nao vivemos na decada de setenta. nela viveria com a eterna angustia de um parente de militane, que contava os dias para vê-lo entrar pela porta, apos anos sem noticias.
muito bom saber que estas bem e que é engraçado como a história volta a fazer parte do presente.
bjsss
Às vezes tenho a impressão que o seu blogue funciona como uma janela, as palavras formam a paisagem de ideias e os pensamentos sobrevoam nossas cabeças como pássaros perseguem o verão. Gosto das cortinas, que nada mais são que burla da razão e, por isso, da saudade. Quero dizer: não nos interessa a claridade o tempo todo. Da escuridão e do o silêncio também é possível sentir.
ResponderEliminarAproveito, querida companheira de meio-fio, para reproduzir um trecho de um gênio chamado Gabriel García-Márquez, quando escreveu uma obra-prima chamada "O Amor nos Tempos do Cólera":
"Mas quando voltou a ver do convés do navio o promontório branco do bairro colonial, os urubus imóveis nos telhados, a roupa dos pobres estendida a secar nas sacadas, compreendeu até que ponto tinha sido uma vítima fácil das burlas caritativas da saudade."
Beijo
Nota da Redação: gostei do trecho " Adora a cidade em que nasceu, mas aprendeu a distribuir seu afeto".